- Citação :
- Mantimentos alimentares/líquidos não voltariam a faltar. A missão foi um sucesso.
O resto desse dia decorreu tranquilamente. O fumo instalou-se na sala de estar, acompanhado pelos ritmos tranquilos de guitarra acústica. Eventualmente o jantar (já a horas que se me perderam de conta) veio quebrar a paz. A cozinheira de serviço (bom, sendo justos, era um cozinheiro, mas tal papel pertence, segundo crença de alguns habitantes desse antro de pacifistas, à mulher) Zé dos Calções lá decidiu após muita insistência dos seus companheiros ir preparar os belos dos hambúrgueres com massa (uma dessas massas, por meios que ainda hoje me são desconhecidos, passou os seguintes 4 dias na sola da minha sapatilha). Essa refeição foi brilhantemente servida numa mesa redonda, onde todos nos reunimos, e onde nos deliciámos num verdadeiro ambiente familiar.
Seguidamente ao jantar, levantar a mesa... a decisão foi unânime quanto a "Isso fica para amanhã!". E assim foi. Esse serão, após tudo instalado no grandioso sofá de cinco lugares (que viria a albergar muito mais que isso), e após uma valente reanimação da moca previamente instalada, decorreu o visionamento de um filme clássico. "O Senhor dos Anéis - A Irmandade do Anel". Metade do filme decorreu, com muitos "Faz essa!" à mistura, e eventualmente o sono apoderou-se da Irmandade Familiar (história já ilustrada pelo TropeçaNaPila num outro tópico). Não querendo discriminar, é preciso notar que o Zé dos Calções dormia já, graciosamente roncando que nem um javali, de olhos abertos, desde o início do filme. Sendo assim foi-lhe fornecido um saco-cama e Rastaparta e eu fomos dormir para o Quarto da Avó (mais tarde baptizado como Quarto do Grego), enquanto que TropeçaNaPila, Master_Ninja e o outro membro foram dormir para o quarto mais recôndito do apartamento. Essa noite viria apenas a ser perturbada pela deslocação tardia do Zé dos Calções, da sala para o quarto, onde as regras da física foram ignoradas e três pessoas dormiram profundamente numa mesma cama.
29 de Dezembro de 2008Na manhã seguinte (ou tarde, poder-se-ía dizer, mas não entremos em pormenores) tive um despertar suave, sozinho na cama. Um jovem entrava pela porta do quarto e, acendendo a luz, deslocou-se junto a mim com algo na mão. "BOUM DIA! Pequeno-almoço!". Ao abrir os olhos, deparei-me com uma arredondada taça azul, de rebordos brancos. Dentro dela repousavam restos de cinza. Para a minha mão voou um produto enrolado em mortalha semi-queimada. Que belo pequeno-almoço!
Rapidamente me levantei da cama, e segui o jovem Rastaparta até à sala, onde pude constatar que todos os indivíduos lá presentes já tinham tomado o pequeno-almoço.
Áquela hora visionava-se já a segunda parte do Senhor dos Anéis. Juntei-me ao visionamento. Penso que é seguro dizer que pouco depois já se sentia a morte colectiva instalada no famoso sofá.
Ao avançarem as horas, eventualmente encontrou-se um novo e popular passatempo. No computador portátil do Master_Ninja principiou o primeiro de muitos desafios de dois jogadores de Puzzle Bubble. O ambiente era de serenidade, com aquela belíssima música que provavelmente todos conhecemos, proveniente do mencionado jogo, a pairar no próprio ar que respirávamos (ar esse bastante adornado por um suave fumo branco). Mas tal serenidade não poderia nunca durar para sempre!
Chegou um ponto fatídico em que era necessário que o nosso grupo de heróis se alimentasse. Como tal surgiu a questão que mais vezes viria a atormentar a casa nos tempos vindouros: "Quem é que lava a louça?"
Prontamente houve voluntários disponíveis para desempenhar tarefas...
...todas menos essa.
Com a cozinheira já nomeada, sobraram então cinco membros disponíveis para a missão.
Eu prontamente me disponibilizei para levantar a mesa. Sobrando assim quatro.
O Inominável (alguma vez teria que lhe atribuir um nome, já que ele não o faz) encarregou-se rapidamente de fazer essa. Tarefa enfadonha e muito penosa...
Sobraram então três.
Caso a minha memória não me falhe, eventualmente sobrou apenas um indivíduo disponível para tal tarefa. Lá foi o TropeçaNaPila.
O almoço foi extremamente aceitável. Arriscarme-ía ainda a dizer que muito saboroso. Um belo dum atum no arroz. Não deveria estar muito mau, pois pensar nisso está-me a abrir o apetite. Como tal vou interromper para ir ingerir qualquer coisa...
...estou de volta, um pouco mais saciado. Ora, onde ía? Ah, sim, a refeição. Decorreu novamente num ambiente familiar muito louvável.
A tarde mal se fez notar naquela casa. Recorrentemente, podia-se ouvir vindo do ar a voz do Inominável, repetindo para as paredes: "Pessoal, temos que ir aos chineses!". Ora tendo-se esquecido do carregador do telemóvel longe dali, era seu e APENAS seu o interesse em dirigir-se a uma loja chinesa. Sei que eventualmente lá aconteceu que um grupo de batedores se dirigiu à loja chinesa mais próxima, onde acabaram por verificar que não se vendia o carregador pretendido.
Falando de frases recorrentes, diga-se também que regularmente se ouvia no pré-mencionado sofá a MÍTICA frase "OH PUTO, OLHA A CATOTA! CUIDADO COM A CATOTA!" (Será que foi essa a frase mais famosa da Passagem de Ano? Vota no respectivo tópico para nos dares a tua opinião!).
A noite avizinhou-se rapidamente, e após nova refeição (massa com algo [provavelmente atum], bem regada a polpa de tomate) foi ingerida cultura através da caixinha mágica de imagens, a televisão, observando um tal programa denominado "Os Contemporêneos". "Ainh, olha pra mim, xou bue fixe e faço rimas!". E sobre esta citação mais não tenho a dizer.
Bom, mas como devem ter reparado, um dia tão amplamente passado em casa deve fartar, não? Pois bem, ainda houve uma iniciativa para sair. O tempo não ajudava, mas lá se reuniu a coragem para nos dirigirmos às ruas da Figueira da Foz.
Tendo percorrido uma razoável distância, uma sensação de solidão apoderou-se de nós.
Não havia alma viva na rua.
[CONTINUA]