- Citação :
- ... Finalmente, aconteceu: FAZ ESSA!!!
E foi então que começou oficialmente
Como seria de prever, avizinhou-se uma ansiada moca rápida e pacífica. A primeira de muitas.
Decorreram momentos de discussões e, posso afirmar, alguma discórdia, relativamente à escolha civilizada (o primeiro a chegar ganha) das camas. Todos sabíamos que aquele momento viria a alterar para sempre (durante os próximos 4 dias) o estado da coluna vertebral de cada um de nós. Havia apenas uma certeza absoluta no ar: Com o Zé dos Calções, só em último caso. Os roncos famosos provenientes do fundo desse vulcão potente durante as noites de luar (e sem ele também) viriam a ser um dos mais temidos inimigos do sono naquele lar familiar.
Ao fim daqueles momentos que pareceram uma eternidade, o instinto de sobrevivência daqueles heróis começou a levar a melhor. Era necessário ir caçar por alimento. E por néctar da vida, diga-se de passagem. Sendo assim, após a manufactura de mais um produto verde, lá nos pusemos a caminho.
Desconhecendo os caminhos e atalhos daquela Terra Média, lá nos pusemos a explorar, conseguindo eventualmente encontrar a escadaria para Mordor. Literalmente.
Ao fim dessa subida infinita, um letreiro atraiu a nossa atenção. O destino que procurávamos. No topo de uns portões reluzentes, em vidro brilhante, equipados com tecnologia avançada de detecção de movimentos, repousava a luzir essa placa de cor esmeralda e diamante, convidativa, com uma inscrição que nos fazia sentir familiaridade, com as palavras escritas: PINGO-DOCE!
O primeiro desafio aguardava-nos logo após o primeiro passo dentro dessa superfície comercial. "Quem tem uma moeda para o carrinho das compras?" Depois de muito revirar de bolsos, lá encontrámos os trocos necessários para levar 2 carros de compras. E então começou a febre consumista!
"Bom, precisamos de atum... pão! Salsichas! Massa! Patê, mais massa, arroz, hambúrgueres, douradinhos, azeitonas, pevides, amendoins, mais pão, mais massa, mais arroz..."
E então, no horizonte visual que se seguiu, algo surgiu. Algo largamente antecipado nos fígados dos intervenientes desta história. A secção do álcool! Majestosa e convidativa, imponentemente posicionada no centro da superfície comercial.
Rapidamente a área limite dos dois carrinhos foi preenchida, um com alimento e o outro com o complemento líquido ao alimento. Com este limite atingido, sentimos estar satisfeita a necessidade de recolha de recursos. Sobrava apenas uma missão: "Pessoal, faltam as grades de cervejas!"
Novamente com escassez em moedas (naquela era em que nos bolsos e carteiras havia apenas o peso de papel, em altos valores) foi necessário adoptar uma estratégia de abordagem. Um dos carrinhos foi dirigido para aqueles altares ao instrumento capitalista que é o dinheiro, as Caixas de Pagamento. A missão que se seguiu pareceu não ter fim. Descarregar o carrinho para o tapete da caixa, e após registo voltar a colocar os produtos no mesmo. Longos minutos decorreram até que finalmente as notas se tornaram meros trocos. Foi-se então adquirir o terceiro carrinho de compras, que acabou por ser rapidamente carregado até ao limite com grades de cervejas. Uma dezena, para ser mais preciso.
Os dois prévios carrinhos já haviam passado pelo processo de troca por dinheiro, e já se tinham lançado nas suas próprias odisseias de volta a casa. Sir Gregalot (sim, eu) e Zé dos Calções preparavam-se agora para a sua aventura de escolta do tesouro. Não sem antes serem aconselhados pelo rapaz que trabalhava nessa caixa a ir ouvir a sua banda tocar, numa localização que falhou a ser registada nas mentes dos dois heróis, e de serem trocados votos de feliz ano novo.
E começou. Sem qualquer tipo de perturbações ou de suspeitas, o carrinho, bem preenchido, foi afastado do seu ponto de origem. As rodas resistiam ao asfalto da estrada, mas a determinação fazia com que a cada segundo que passava, o destino se aproximasse mais. Cada ínfimo passeio a subir ou descer era um desafio à resistência física dos aventureiros, sempre com a ameaça presente da falta de estabilidade do carrinho nas suas quatro rodas. No horizonte o sol já se punha. Os olhares de transeuntes e condutores eram inevitáveis, mas nada abalava a vontade de ferro de Sir Gregalot e Zé dos Calções! E foi com este espírito que, ofegantes, avistaram a subida final. Os músculos tremiam e o suor escorria, mas centímetro a centímetro a porta de entrada aproximava-se! Por fim o degrau de entrada, mais alto que os passeios, levou as forças restantes no físico dos caminhantes.
Já dentro do prédio, um antigo aliado surgiu de novo para nos apoiar: O Elevador!
E com uma sensação de dever cumprido, o carrinho foi carregado para dentro do elevador. Segundos depois estávamos em casa!
Mantimentos alimentares/líquidos não voltariam a faltar. A missão foi um sucesso.
[CONTINUA]